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Novos rumos da escola exigem novos tempos, novos espaços

André Lázaro* e Tereza Perez**

A pandemia exigiu dos mais de 160 mil diretores e diretoras escolares do Brasil o gerenciamento de uma série de desafios no período de aulas remotas, para manter a equipe unida e os vínculos com seus estudantes. No retorno ao ensino presencial, os desafios permanecem: acolher a todos após um aprofundamento da desigualdade nas condições de aprendizagem, adequar o planejamento e reconstruir relações abaladas pelo isolamento social.

A importância dos professores na qualidade do ensino já é senso comum, mas a falta de formação específica para o cargo de diretor – apenas 10% deles têm curso em gestão escolar, segundos dados do Censo Escolar de 2019 - indica que subestimamos a real dimensão do papel desse profissional para mudar para melhor os rumos da educação brasileira.

A direção escolar é responsável por implantar um clima favorável à aprendizagem, otimizar o desenvolvimento profissional da equipe e gerar condições para que os estudantes participem da vida escolar e aprendam. Além disso, cabe à direção da escola garantir que materiais e alimentação escolar estejam adequados às necessidades dos alunos, cuidar das relações da escola com as famílias e com a comunidade. O papel da direção escolar vai, portanto, muito além de manter as questões pedagógicas e administrativas em dia.

O diretor é a ponta de lança de mudanças que marcam a escola neste momento em que grandes desafios. A Educação tanto precisa investir no fortalecimento e aprofundamento das aprendizagens, como viabilizar a integração com as tecnologias, promover a inovação para estruturas menos rígidas e mais fluidas, com configurações mais diversas, de grupos, de espaços, de linguagens.

Diretores não são mais a figura representada pelo personagem afundado em papéis, isolado numa sala a portas fechadas, temidos pelos alunos. Pelo contrário, circulam, articulam, conhecem a comunidade, lideram, apoiam e acompanham a equipe. Afinal, a escola é um espaço de aprendizagem, de convivência social e participação, um lugar de oportunidades e garantia de direitos, de inclusão e de reconhecimento do potencial dos estudantes em sua diversidade.

A partir da liderança do gestor, os diferentes tempos e espaços disponíveis na escola podem estar a serviço da aprendizagem e da convivência de forma a valorizar as diferentes atividades artísticas, culturais, esportivas, oferecer acesso a equipamentos digitais e tecnológicos e condições para a formação da equipe escolar e dos estudantes.

É na figura do diretor que a política pública pode chegar à escola de forma qualificada, legitimando a proposta educacional da rede de ensino e respeitando os estudantes e a comunidade do entorno.

Daí a necessidade de investimento na formação de um profissional que possa conduzir o planejamento das ações de modo compartilhado com a equipe em busca de excelência nas aprendizagens e na qualidade do convívio profissional para que toda criança, adolescente, jovem, ou adulto sinta-se pertencente àquele espaço. Participação, aprendizagem, colaboração e respeito devem dar a tônica. É menos a busca do controle do que a promoção do respeito e da harmonia, menos o medo e mais o empenho em fazer as mudanças necessárias visando sempre melhorar a qualidade do ensino e da convivência. Afinal é também com a valorização da escola que se trabalha para uma sociedade justa, sustentável, inclusiva e digna para todas as pessoas.

O professor José Ernesto Bologna, membro do conselho de mentores do Instituto do Futuro, da USP, Unicamp e PUC, compara o diretor da escola a um maestro. No momento em que a escola atua para se recompor do abalo pandêmico e atualizar sua forma de funcionamento, precisamos apoiar esses maestros e maestras e dar a eles condições para que possam reger bem suas orquestras.

Com base nesse cenário, a Fundação Santillana, Editora Moderna e Comunidade Educativa CEDAC, desenvolveram o livro ``Direção para os novos espaços e tempos da escola’”, e a série de podcast Na Escola - que complementa a obra - ambos disponíveis em download gratuito. Os episódios, porém, podem ser ouvidos de forma independente, sendo um material que apoia diretores de escolas nesse novo tempo em que vivemos.

*Diretor na Fundação Santillana
**Diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC

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