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Sustentabilidade e educação: o desafio real da transformação

Por Luciano Monteiro *

 

Em um tempo de fenômenos de impacto planetário, a agenda da sustentabilidade também ganha contornos cada vez mais globais. E é diante de um conjunto de ameaças climáticas e sociais que o mundo produtivo se mobiliza em torno de valores nem sempre tradicionalmente associados ao curso do capital: desenvolvimento sustentável, impacto climático, diversidade, inclusão, igualdade e justiça social.

São iniciativas alinhadas a uma agenda mais ampla, traduzidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), plano de ação firmado em 2015 pelos países que integram a ONU como um marco civilizatório a ser atingido até 2030.

Fruto do esforço articulado de organizações sociais dos mais diversos campos, governos, universidades, empresas, a Agenda 2030 é um feito notável e que tem a educação como meio estratégico de implantação e conscientização.

Os ODS vêm se consolidando como um amplo esforço de foco, mobilização, sistematização, acompanhamento, pressão social –, e há um esforço consistente para que prevaleçam boas ideias capazes de produzir transformações.

Mas a discussão precisa seguir se aprofundando ou não chegaremos lá. Todos os 17 ODS representam desafios globais interligados que demandam conhecimento, diálogo, participação política e comprometimento de toda a sociedade.

ODS apontam que desenvolvimento sustentável não é apenas sobre proteção ao ambiente. É pensar na diminuição da pobreza, na preservação, na geração de emprego e renda, na busca da paz, na ação coletiva e democrática.

Como se faz isso? Não há solução simples para problemas complexos, mas podemos partir de uma certeza: tudo passa pela educação. Entre os 17 ODS, o de número 4 se refere exclusivamente à educação, embora o tema seja transversal a todos. Vale menção especial à meta 4.7: até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável.

No mundo que emerge pós-pandemia, em um cenário de desigualdades agudas e com desafios históricos agravados, a importância dada à educação alcança outro patamar, crescendo em relevância, na missão de formar cidadãos que desempenhem uma função mais ativa na agenda da sustentabilidade.

A pandemia impôs um retrocesso que ainda nem se pode medir. Mas, no mundo pré-pandemia, ainda éramos um país com um milhão de alunos fora da escola, em que os 25% mais ricos têm três anos a mais de escolaridade que os mais pobres, com 10 milhões de crianças e jovens em escolas com problemas de infraestrutura, da falta de água potável à inexistência de internet.

A escola e sua conexão direta com a comunidade representam o espaço para a construção e desenvolvimento de uma cultura voltada para o sustentável, responsável e comprometida com a busca de soluções para os imensos desafios postos à nossa frente.

Aos que atuam no setor educacional cabe a missão prioritária de estimular habilidades e competência para que alunos e professores possam enfrentar os desafios postos na Agenda 2030 e nos ODS. Para enfrentar essa jornada, a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) é um caminho a ser percorrido.

Falar de ODS é olhar para o mundo concreto, não de ideais e boas intenções. Por isso, é tempo, sim, de colocar o desenvolvimento sustentável na ordem do dia, mas, especialmente, é preciso entender que devemos colocar os pés no chão, as mãos na massa e agir para mudar, liderando as transformações que desejamos ver acontecer no mundo.

 

*Diretor-executivo da Fundação Santillana

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